quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Hartung em contagem regressiva


(Por Maura Fraga)

Desde terça-feira (2) entrou em contagem regressiva a permanência do governador Paulo Hartung (PMDB) no cargo.

Em menos de 60 dias, ele deverá se desincompatibilizar se quiser concorrer às eleições de 2010. No próximo 2 de abril, define se fica ou sai.

A  segunda hipótese é remota. Político visceral, Hartung não vive sem mandato. Arriscou uma vez, quando deixou a Prefeitura de Vitória e optou por disputar o Governo pelo PSDB. A decepção na convenção que escolheu José Ignácio foi grande. Suou para contornar o erro e  conquistar uma vaga no Senado.

Sua aparente indefinição contraria os aliados e até os adversários. Parece mais fácil ter tirado  Zelaya da Embaixada do Brasil em Honduras do que arrancar uma palavra do governador sobre a sua pretensão política.

Mas o assunto morre por aí, porque Hartung não se arriscará a ficar no Governo até o fim do mandato, sujeito a ser atropelado, no futuro, por outros líderes - o prefeito de Vitória João Coser (PT); o senador Renato Casagrande (PSB); o vice Ricardo Ferraço (PMDB) e o deputado Luiz Paulo (PSDB) - que vão lutar por cargos majoritários nos próximos anos.

Usar a dúvida em prol da candidatura sempre deu certo quando o político tem prestígio. Para os analistas, funciona como proteção contra desgastes prematuros. Tancredo Neves, definido por José Bonifácio como "um político  capaz de tirar as meias sem tirar os sapatos", fez isso quando concorreu à presidência da República. 

Responsável pela eleição do sucessor - no caso o vice Ricardo Ferraço - e por sua própria eleição, certamente para o Senado, Paulo Hartung tem pela  frente muito chão para percorrer e segurou bem o segredo, trabalhando nos bastidores. 

O último caso semelhante de que se tem notícia foi protagonizado por Gerson Camata, que deixou o Governo e disputou o Senado, tornando-se também o principal responsável pela eleição do seu sucessor. Depois dele, os quatro ocupantes do Anchieta cumpriram integralmente o mandato.

Hartung nunca escondeu o desejo de reprisar a ação de Camata. E agora lhe é dada a chance. Da mesma forma, deverá também manter o suspense até a véspera da desincompatibilização (Camata só se declarou no dia anterior ao fim do prazo). O que não se sabe é se repetirá nas urnas o sucesso do modelo que o inspira.

Vamos aguardar.

Um comentário:

  1. Só uma questão: onde está dito pelo governador que seu candidato ao governo é o seu vice. Na última entrevista do ano, onde ele prometeu falar sobre a sucessão,não disse uma palavra. nem nos atos inaugurais ou reservadamente.

    A disputa se dará entre três candidatos (RF, LP e Brice). Casagrande tá na mão de Lula, do PT e do próprio PH por conta do caso da operação Castelo de Areia.

    O vazamento do despacho da procuradora federal não foi à toa. Casagrande não quer nem ouvir falar mais em aeroporto de Vitória e se puder vai pra Brasilia de carro ou de ônibus.

    Ontem mesmo preferiu ir a Luziânia (Goiás) para um assunto criminal de lá junto com o colega Demothenes a ter que dar as caras na reunião da bancada capixaba sobre o tema aeroporto.

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