sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009











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Vai fazer falta

A crise afeta a inteligência, tanto quanto o bolso.

Encontro o professor José Augusto de Carvalho, que deixou o jornal "A Gazeta", devido ao programa de contenção de despesas. Justamente na hora da aplicação da reforma ortográfica, e num jornal de tradição, não seria melhor cortar em outras áreas?

José Augusto é reconhecidamente, no Espírito Santo, um dos principais mestres da que o poeta parnasiano Olavo Bilac define como a "última flor do Lácio". Seus livros, escritos com clareza, concisão e correção, têm todas as qualidades da prosa. Costumo ler o que escreve de uma tacada só. Os leitores habituais da coluna vão sentir falta. Eu, entre eles.

O bloco contra o abuso

Vitória está entre as 11 capitais do país onde a Campanha Nacional de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no carnaval 2009, começa a partir de hoje. O lançamento se deu há pouco, em Brasília. Com apoio da Polícia Federal e de entidades de classe, a Secretaria Especial de Direitos Humanos, que tem como subsecretário o capixaba Perly Cipriano, entra em cena no período da folia, com a distribuição de abanadores, adesivos, fitas de pulso e voz de prisão para os infratores.

O símbolo da campanha é o pierrô, com uma lágrima no rosto.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O senador José Ignácio só falava ao telefone por código, com medo do grampo.

"M grande" era Max Mauro, o governador; "C grande", Carlos Cunha, o vice; "R loura" , a deputada Rita Camata; "R morena", Rose de Freitas", e por aí vai. Quando se tratava de Sarney, presidente da República, "Ji", como se autodenominava, parecia mais criativo: chamava-o de "Bigode".

Certo dia, numa ligação para o senador Camata, recheada de apelidos usuais, apareceu com uma novidade:

- "Isso me cheira a CeCe", disse no meio da conversa.

A reação, do outro lado da linha, foi imediata:

- O que, Zé Ignácio? Quem você disse que cheira mal?

Ao que o interlocutor, irritado, respondeu:

- Não é nada disso, Camata. "CeCe" é Camilo Cola.

Faca de dois gumes

Da ministra Ellen Gracie, primeira presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) : "O nepotismo é ruim para o serviço público e cruel para os beneficiados. Eles ficam carimbados com a suspeita de incompetência".

O fim da chocadeira dos ricos

A comissão de juristas encarregada de criar o anteprojeto de atualização do Código de Processo Penal brasileiro se reúne nos próximos dias 26 e 27 para rever a minuta.

Criada por requerimento do senador capixaba Renato Casagrande (PSB), sugere a extinção da prisão especial para diplomados de nível superior, exceto autoridades.
A prerrogativa, mal vista pela sociedade, permite casos como do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que fez de Bangu 8, no Rio, um cinco estrelas, com refeições à base de lagosta e salmão. Enquanto miseráveis, com o mesmo currículo, em alguns pontos do país, acabam em conteiners.

A criação da figura do "juiz de garantias" também se destaca na minuta. Seu trabalho se limitará à fase das investigações e não da sentença. Há ainda a questão do prazo máximo para preventivas, no esboço do anteprojeto.
O Código em vigor no Brasil, hoje, é um entulho autoritário de 1941, época áurea do Estado Novo.

Pra que tanto índio?

Não dá para entender: com apenas 81 parlamentares, o Senado Federal tem 6.800 funcionários. Todos pagos pelo contribuinte.

O acerto da Argentina e o erro da Folha

Enquanto a Argentina expulsa o bispo britânico Richard Williamson, que negou o Holocausto e quase foi reabilitado pelo Papa Bento XVI, dando a ele 10 dias para sair do país, por sua postura, a Folha de S. Paulo, um dos maiores jornais do Brasil, em editorial, chama de "ditabranda" à ditadura militar implantada em 1964, responsável por milhares de mortes.

Veja o equívoco da Folha:

Limites a Chávez, diz Folha em editorial



Apesar da vitória eleitoral do caudilho venezuelano, oposição ativa e crise do petróleo vão dificultar perpetuação no poder.

O ROLO compressor do bonapartismo chavista destruiu mais um pilar do sistema de pesos e contrapesos que caracteriza a democracia. Na Venezuela, os governantes, a começar do presidente da República, estão autorizados a concorrer a quantas reeleições seguidas desejarem.

Hugo Chávez venceu o referendo de domingo, a segunda tentativa de dinamitar os limites a sua permanência no poder. Como na consulta do final de 2007, a votação de anteontem revelou um país dividido. Desta vez, contudo, a discreta maioria (54,9%) favoreceu o projeto presidencial de aproximar-se do recorde de mando do ditador Fidel Castro.

Outra diferença em relação ao referendo de 2007 é que Chávez, agora vitorioso, não está disposto a reapresentar a consulta popular. Agiria desse modo apenas em caso de nova derrota. Tamanha margem de arbítrio para manipular as regras do jogo é típica de regimes autoritários compelidos a satisfazer o público doméstico, e o externo, com certo nível de competição eleitoral.

Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.

Em dez anos de poder, Hugo Chávez submeteu, pouco a pouco, o Legislativo e o Judiciário aos desígnios da Presidência. Fechou o círculo de mando ao impor-se à PDVSA, a gigante estatal do petróleo.

A inabilidade inicial da oposição, que em 2002 patrocinou um golpe de Estado fracassado contra Chávez e depois boicotou eleições, abriu caminho para a marcha autoritária; as receitas extraordinárias do petróleo a impulsionaram. Como num populismo de manual, o dinheiro fluiu copiosamente para as ações sociais do presidente, garantindo-lhe a base de sustentação.

Nada de novo, porém, foi produzido na economia da Venezuela, tampouco na sua teia de instituições políticas; Chávez apenas a fragilizou ao concentrar poder. A política e a economia naquele país continuam simplórias -e expostas às oscilações cíclicas do preço do petróleo.

O parasitismo exercido por Chávez nas finanças do petróleo e do Estado foi tão profundo que a inflação disparou na Venezuela antes mesmo da vertiginosa inversão no preço do combustível. Com a reviravolta na cotação, restam ao governo populista poucos recursos para evitar uma queda sensível e rápida no nível de consumo dos venezuelanos.

Nesse contexto, e diante de uma oposição revigorada e ativa, é provável que o conforto de Hugo Chávez diminua bastante daqui para a frente, a despeito da vitória de domingo.

(*) Editorial da Folha de S. Paulo publicado na edição de 17/02/09

Enfim, sós

Terminou o casamento de oito anos entre Martha Suplicy e Favre, cujos padrinhos foram Lula e Dona Marisa. A informação é do G1 e vai rolar muito sobre o assunto nas próximas horas.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Que tal deputadas?

Pode servir de inspiração ao "trio ternura" da Assembléia Legislativa capixaba: Janete de Sá, Luzia Toledo e Aparecida Denadai.

A Câmara dos Deputados cria nos próximos dias a Procuradoria Especial da Mulher que se encarregará de receber denúncias, fiscalizar e acompanhar políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades e discriminação. A iniciativa é do presidente Michel Temer e foi anunciada hoje na reunião com a bancada do batom: as 45 representantes de mais de 50% do eleitorado brasileiro.

Um número, convenhamos, pouco expressivo pelo tamanho do mulherio que vota.

Tudo é passageiro

Pensando bem, o cafezinho já está esfriando no Palácio Anchieta. A recusa da deputada federal Rita Camata (PMDB) em voltar ao estado para atender ao projeto político do governador Paulo Hartung, na reta final do mandato, pode ser tomada como um forte indício.

Fim do sigilo bancário na Suíça?

Pela primeira vez, na história do sistema financeiro suíço, é anunciada a suspensão do sigilo bancário por razões de Estado. O UBS, líder mundial na gestão de fortunas, anuncia hoje que entregará ao Departamento de Justiça dos EUA, com apoio de autoridades suíças, informações sobre 250 clientes suspeitos de lesarem o fisco norte-americano. Para conseguir a lista, o Governo dos EUA ameaçou suspender a licença do UBS em seu território.

A quebra do sigilo dos 250 é apenas, como se diz, a ponta de um iceberg. Há pedido de um juiz da Flórida para que sejam liberadas informações sobre mais de 19 000 nomes.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Palmas para ela

O senador Magno Malta (PR-ES) visita o Pará, depois do Carnaval, a fim de colher informações para a CPI da Pedofilia que preside. Um dos envolvidos nas denúncias sobre abuso de menores, no estado, é João Carlos Vasconcelos Carepa, irmão da governadora Ana Júlia Carepa (PT). O mandado de prisão contra ele já foi expedido e a governadora, segundo Malta, declarou que não moverá uma palha, " porque quem abusa de criança precisa responder pelo crime".

Desprezo

Atende pelo singelo nome de "Tapete Mágico", o novo abrigo de moradores de rua na Praia do Canto. Um lojinha especializada em venda de objetos infantis, nas imediações da Igreja de Santa Rita, cuja varanda à noite vira dormitório.

A Prefeitura de Vitória ignora o problema.

Sorte deles

A família de Helmut Meyerfreund, ex-dono da Garoto, tem motivos de sobra para suspirar aliviada. Escapou de ser envolvida pelo furacão que assola o império do milionário norte- americano Donald Trump, ex-futuro sócio do herdeiro Alex na construção de um condomínio de luxo, em São Paulo: o "Villa Trump".

A parceria com Alex Meyerfreund previa o empréstimo do nome Trump, ao projeto, em troca de royalties. Mas pesquisa encomendada pelos sócios brasileiros revelou que não daria resultados.

Sorte deles, o milionário, nas últimas horas, procurou proteção sob a lei das falências, nos EUA, porque sua dívida, na área de cassinos, chega a US$ 1,7 bilhão.

Os herdeiros de Helmut Meyerfreund desistiram também da "Villa Trump" por acharem que os excessos dourados dos emprendimentos do norte-americano não ficavam bem no Brasil.

Concordo com eles, porque conheço: tanto o cassino Taj Mahal, uma réplica do templo indiano fincada à beira- mar, em Atlantic City, quanto o dourado Trump Tower, de Nova Iorque, são kitsch demais.

Da série:"Nem só de caviar vive o homem".

O presidente em exercício do Tribunal de Justiça, desembargador Álvaro Bourguignon, tem pela frente uma missão difícil de encarar. Depois de participar, em Belo Horizonte, segunda-feira, do II Encontro Nacional do Judiciário, voltou para casa com a ordem de identificar e julgar todos os processos judiciais distribuídos até 31 de dezembro de 2005, em 1º e 2º graus ou tribunais superiores. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes , manda esvaziar as prateleiras de tribunais do país, onde descansam 67 milhões de processos.

Descansam, mesmo.

A " barriga" suíça

O jornal suíço "Le Matin", depois de embarcar na história da agressão à advogada P. O., sem apurar a denúncia- apresentou apenas a versão da suposta vítima-, informa hoje que a moça é portadora de lupus eritematoso. Uma doença que pode acarretar sérios problemas de ordem emocional.
Como a fonte da informação é o pai da advogada, os leitores que apoiaram a vítima na primeira matéria sobre o episódio estão furiosos. Muitos perguntam por que o pai, conhecedor do estado de saúde da filha, teria procurado a imprensa e autoridades do Brasil?

Le Matin, aconselhado pela imprensa suíça a pedir desculpas aos leitores, sai pela tangente.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Improbidade: MPF pede condenação de diretor do Cefetes

A Justiça Federal examina uma ação de improbidade administrativa, ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPES), contra o diretor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo (Cefetes), Jadir José Pela.

Ele é responsabilizado por não cumprir um convênio firmado para aulas de informática, destinadas a comunidades, e ceder à empresa parceira, Digitem Comércio, a estrutura da instituição, para fins comerciais, sem processo licitatório.

O diretor pode ser punido com a perda do cargo, ressarcimento dos cofres públicos, pagamento de multa e suspensão dos direitos políticos por oito anos.
Com informações do site da PGR/MPF

Operação Pinóquio

O site da Transparência Brasil, nesta segunda-feira, divulga que 85% dos parlamentares das principais casas legislativas do país doaram, nas eleições de 2004 e 2006, mais recursos do que informaram em suas declarações de bens.
Entre os 11 que declararam não ter bens, mas fizeram doações, está o deputado estadual Euclério Sampaio (PDT-ES), que gastou R$ 207.163,00 na eleição de 2004 e R$ 127.720,00 em 2006. O deputado estadual Vandinho Leite (PR-ES), outro sem bens, doou R$ 21.570,00 em 2004 e R$.122.000.00 em 2006.
A deputada federal Rose de Freitas aparece entre os que gastaram mais da metade dos seus bens para financiar campanha. Em 2006, declarou R$.303.018,00 e doou R$ 288.200,00. Outro que consta da lista é o vereador de Vitória Aloísio Varejão (PSDB).

Os políticos, alerta a Transparência Brasil, doam a si próprios ou a outros, e não existe na legislação brasileira penalidade eleitoral ou fiscal para os que prestam declaração falsa à Justiça Eleitoral. O que permite apresentar declarações diferentes à Justiça Eleitoral e à Receita.

Lavo as mãos

Por decisão do STJ, uma passageira da Viação Itapemirim, atingida por uma pedrada quando viajava num ônibus da empresa, não será indenizada.

Após sofrer ferimento no rosto, T.A.V. pediu reparação, mas perdeu em primeira instância.

Fez o apelo e a sentença foi reformada, pelo Tribunal de Alçada de Minas Gerais, que responsabilizou a empresa pelos danos causados.

A Itapemirim recorreu e ganhou por unanimidade no STJ. A Quarta Turma decidiu que arremesso de pedra, por pessoa de fora de ônibus, que fere alguém no veículo, constitui ato de terceiro, pelo qual a empresa de transporte não pode ser responsabilizada.

Sugestão do blog: "Em viagem de ônibus, adote o capacete".

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fidel em campanha

Um forte cabo eleitoral de Chávez, na campanha do "Sim ou Não", foi Fidel Castro. Usou todos os meios de comunicação, em Cuba, para defender a proposta de emenda constitucional que permite a reeleição sucessiva do presidente venezuelano.

Em suas reflexões semanais, no Granma, Fidel lembra como surgiu a amizade entre os dois. Expulso de uma reunião, no México, pelo chefe de Estado, Chávez o procurou, minutos antes do embarque de volta à ilha, para o desagravo:

"Fídel, diga-me de quanto petróleo Cuba necessita para vencer o bloqueio yanque".

A partir daí, tornaram-se irmãos siameses.

"Sim", de Chávez, ganha referendo

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela acaba de anunciar a vitória do "Sim", com 54,36 por cento dos votos, ou 6.003.544, contra os 45,63%, correspondentes a 5 040 082, dados ao "Não", no referendo convocado por Hugo Chávez para assegurar a sua reeleição.

Apesar da margem pouco expressiva, o presidente comemora a vitória na varanda do Palácio Miraflores, acompanhado por cadeia nacional de comunicação.

O som que vem de longe

Ainda do Festival de Berlim:

Na entrega do Urso de Ouro, Magaly Soler, estrela principal do filme "La teta asustada", surpreendeu o público ao interpretar uma canção em "quéchua". Uma evoluída lingua índigena sul-americana, ainda hoje falada no Peru, Bolívia, Argentina, e que foi lingua geral do antigo império Inca.


Amigo urso

Manchete de um grande jornal do Peru, neste domingo, sobre a vitória de "La Teta Asustada", de Claudia Llosa, 32 anos, no 59º Festival de Berlim:

"O urso da "Berlinale" rugiu em quéchua".

Desde 2008, quando o brasileiro José Padilha ganhou o Urso de Ouro com "Tropa de Elite', dez anos depois da vitória de Walter Salles, diretor de " Central do Brasil", jovens realizadores do cinema latino-americano mudam os rumos do festival.

"Gigante", do argentino Adrian Biniez, também saiu por cima, este ano, com três troféus. Para a imprensa internacional houve triunfo da energia da juventude sobre o "politicamente correto".

Claudia Lllosa, vencedora do Urso de Ouro, orgulha-se de ter falado quéchua para 27o mil assistentes, em Berlim, através do filme que evoca a violação da mulher durante conflitos políticos dos anos 80, em seu país.
O júri também inovou com a presença da "chef de cuisine" Alice Waters, militante do movimento Slow Food.

Veja o trailer de "La Teta Asustada".