quarta-feira, 17 de março de 2010

Hartung impõe silêncio a políticos, e transforma manifestação do Rio em um show

Com o palanque montado em frente a mais de 80 mil pessoas no Rio, os governadores dos Estados mais afetados pela nova divisão dos royalties do petróleo --em discussão no Congresso-- optaram pelo silêncio. Em evento que reuniu diversos artistas e políticos na capital fluminense, Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Paulo Hartung (PMDB-ES) abriram mão do discurso.

"A ideia de não discursar foi do Hartung. Ele me disse: 'Sérgio, nós demos uma demonstração de enorme dignidade aqui. A ideia já foi passada, não tem necessidade de discurso'", afirmou Cabral, em entrevista a jornalistas.

Diante do silêncio dos governadores, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), representou os políticos e agradeceu a presença das mais de 80 mil pessoas que foram à avenida Rio Branco para protestar contra a redivisão de recursos --inicialmente, a Polícia Militar havia contabilizado 100 mil.

A atitude de Cabral e Hartung --que trouxe uma grande delegação para apoiar o ato-- provocou reações e gerou crítica por parte da atual prefeita de Campos, Rosinha Mateus (PR). "Eu não vim para assistir show, tinha que ter comando político", afirmou. "Trouxemos 10 mil pessoas para este ato, mas vim por quê? Estamos aqui em defesa dos royalties do Rio, e as pessoas vieram para ouvir essa defesa."

Cabral rebateu as críticas, afirmando que "o importante é que milhares de pessoas vieram à avenida Rio Branco dizer não à covardia e sim ao Estado do Rio. Foi um ato político, com os artistas junto", disse. O governador disse que conversou com alguns senadores, entre eles o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) e que todos garantiram que a chamada emenda Ibsen é inconstitucional.

A emenda do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada, dividiu igualmente os royalties do pré-sal entre os três entes federativos, sem distinção entre produtores e não produtores. A emenda, que prejudica especialmente os Estados que centralizam a produção, como o Rio e o Espírito Santo, passará agora pelo Senado.

Rosinha Mateus afirmou que, na cidade de Campos, a previsão de orçamento para este ano é de R$ 1,5 bilhão, valor que cairia para apenas R$ 500 milhões se a emenda se tornasse lei. "Se isso acontecer, não faço mais nada na Prefeitura. Todas as obras em andamento ficam paradas e os hospitais fecham as portas", disse.

Para ela, a emenda vai parar no STF (Supremo Tribunal Federal). "O [presidente] Lula vai vetar a emenda, mas o veto dele também será tombado na Câmara. Eu tenho que acreditar na Justiça, não acho que o Supremo vá rasgar a Constituição brasileira", afirmou.

C/ Informações da Folha Online

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