Esquartejamentos, tortura, superpopulação e pessoas presas sem julgamento. Violações graves dos direitos humanos nas prisões do Espírito Santo foram colocadas a nu nesta segunda-feira, com fotos e documentos, por ativistas durante uma sessão paralela à reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra. Para os ativistas, o Espírito Santo é o exemplo extremo do que ocorre em prisões no Brasil e mostra que o país não avançou neste campo. Em 2007, o Comitê contra tortura da ONU já havia chamado a atenção para práticas sistemáticas de tortura no sistema de prisões do país.
Mas um dos organizadores do evento, o presidente do Conselho de Direitos Humanos do Espírito Santo, o advogado Bruno Alves de Souza, de 29 anos, que está sob ameaça de morte, disse que se limitar a construir prisões sem atacar problemas de fundo - impunidade e prevenção - só terá um efeito: transformar o Espírito Santo numa grande prisão.

Oscar Vilhena Vieira, da Conectas Direitos Humanos - que também organizou o evento em Genebra, junto com a organização Justiça Global, chamou a atenção para a impunidade.
- Não houve nenhum esforço por parte do estado brasileiro, que inclui o Ministério Público, Judiciário e a administração do estado, em apurar estas violações e responsabilizar (quem as cometeu) - disse.
Para ele os esforços do governo estadual para construir presídios e combater a superpopulação, são positivos. Mas não pode ser a única resposta. Segundo Vieira, numa pesquisa recente, mais de 70% da população do estado disseram não concordar com a maneira como os presos estão sendo tratados. A situação extrema do Espírito Santo, segundo ele, se explica devido a políticas erradas adotadas em 2006: presos eram colocados em contêineres sem banheiro, sob temperaturas no verão que atingiram 50 graus, por exemplo.
- Isso causa um efeito boomerang. Os presos entram e saem cometendo crimes piores. Visitamos uma delegacia onde havia 250 presos numa carceragem feita para 36 pessoas. Nem em São Paulo ou no Rio a situação é tão catastrófica - disse.
C/ Informações de O Globo (por Deborah Berlinck)
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