A manchete principal do Estadão neste domingo (11), " Eike Batista negocia fatia na Vale e critica Agnelli", pode detonar uma guerra entre os dois, se o presidente da Vale aceitar a provocação. Na entrevista, o megaempresário diz que enxerga na mineradora " diamantes não polidos" e revela que continuará a negociar sua compra.
Eike não perdoa o presidente da Vale pelo que ocorreu à Baosteel no Maranhão e Espírito Santo. Ele acredita que a siderúrgica teria sido um cordão umbilical com a China.
Na sua opinião, a Vale "está num tamanho que precisa fazer projetos para beneficiar o Brasil". Isso provoca um comentário dos jornalistas: "Pelo que a gente está entendendo, não haveria espaço na Vale para Roger Agnelli (presidente da companhia) e o sr. juntos"
-Olha, numa boa, acho que ele fez uma gestão que tem méritos- responde Eike. A China cresceu, ele estava lá. Quando ele assumiu, a Vale era uma empresa muito menor do que hoje. Mas, às vezes, existem fases em que se pode fazer projetos de retorno menor, mas mais interessantes para o País do que projetos só na área de mineração. A gente não pode ser um eterno exportador de matéria-prima. Podíamos ter chegado para os chineses e combinado que metade do minério de ferro que eles comprassem fosse transformado em aço no Brasil.
Estadão- Mas não foi esse o trato com a Baosteel (siderúrgica chinesa que iria construir uma unidade no Brasil em sociedade com a Vale)?Por que a Baosteel saiu do Brasil?
Eike- Ela foi convidada para fazer uma siderúrgica no Maranhão, a licença ambiental não saiu. Foram para o Espírito Santo. Eles estavam falando com a Vale! Eles conversaram com governadores de Estado! Isso para os chineses é a última instância de poder! Aí o cara, depois de seis anos, depois de milhões de dólares de investimento, recebe dois nãos.A Vale estava batalhando para conseguir a licença.Mas eu, como grupo, não vou chamar a Wuhan (outra siderúrgica chinesa), que eu chamei para se instalar no Estado do Rio, sem antecipadamente saber se ali poderia conseguir uma licença. Isso é gestão. Como é que os chineses vão entender que uma Vale, junto com os governos, não conseguem licença ambiental? Ele disse tchau.
Eike defende que o presidente da Vale, " sempre fez tudo para investir o mínimo possível na siderurgia, porque na visão dele a Vale não tinha que se meter no negócio do seu cliente no final da linha. É o conceito dele".
Estadão-Não haveria um conflito de interesses? Ao mesmo tempo a empresa vende minério para uma siderúrgica e compete com ela?
Eike- Ele acredita nisso e administrou assim. Mas uma hora você tem de enxergar um outro sinal. Fazer os chineses virem para cá. A Baosteel teria sido um cordão umbilical com a China. O Wuhan quer construir uma siderúrgica no Porto Açu (RJ). Eles chegaram e disseram que, se fosse na China, já estariam construindo. Fui no governador Sérgio Cabral e pedi pelo amor de Deus para nos ajudar a conseguir a licença até junho do ano que vem. Desculpa, mas um estrategista tem que enxergar essas coisas.
C/ O Estado de S. Paulo.
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