Conforme o blog adiantou há um mês, o acidente com a plataforma Depwater Horizon da British Petroleum, deve pautar o debate no Congresso sobre a distribuição de royalties — um pagamento aos estados produtores de óleo pela utilização de recursos não renováveis e também pelo risco de acidentes como esse.
Mas o impacto mais imediato do acidente é o aumento dos custos da exploração do óleo submarino na costa brasileira. Na última segunda-feira, durante o EXAME Fórum, o consultor Adriano Pires, um dos maiores especialistas sobre o mercado de energia do país, disse que fatalmente o vazamento no Golfo do México irá inflacionar os custos do seguro da exploração do pré-sal brasileiro.
“Inevitavelmente, o acidente da BP irá aumentar os custos das apólices das plataformas submarinas do pré-sal”, disse Pires. Ao blog, ele acrescentou que tais custos podem crescer numa faixa de 5% a 10% do investimento necessário para extrair o óleo.
Não existem números fechados sobre a tamanho da empreitada, mas segundo um estudo do banco UBS Pactual, o investimento necessário para o pré-sal alcançaria 600 bilhões de dólares, suficientes para a exploração dos blocos de Tupi, Júpiter e Pão de Açúcar, o que totaliza 13% de todo o pré-sal.
Já a Petrobras estima o mesmo valor, mas para toda área do pré-sal. De qualquer maneira, o pré-sal pode ficar entre 30 bilhões de dólares a 60 bilhões de dólares mais salgado. “É preciso também levar em conta que no Golfo do México, a extração do óleo se dá a uma profundidade de 1 600 metros e a 150 km da costa”, diz Pires.
“Já no pré-sal, as condições são muito mais adversas, pois a exploração se dará a profundidades entre cinco mil e sete mil metros, a uma distância de 300 km da costa.” Depois de várias tentativas mal-sucedidas de conter o vazamento no Golfo do México, neste que já é o maior acidente do gênero na história americana, até ontem a BP já havia gasto 990 milhões de dólares para tentar resolver a questão.
Com o estrago ambiental, a empresa já perdeu 75 bilhões de dólares em valor de mercado nas bolsas mundiais. Para o bem da Petrobras – e da União, que é sua maior acionista — é bom que a empresa aprenda com os erros da BP no Golfo do México.
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