quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Agnelli pediu a Hartung para interceder por ele junto a Lula


Debaixo de tiroteio cerrado e diante de concorrentes como Eike Batista, o presidente da Vale, Roger Agnelli, que já privou da intimidade de Lula e hoje não tem mais prestígio- o presidente não esconde que quer tirá-lo do cargo- recorreu a pessoas que julga influentes junto ao governante para reverter a situação. Confira trecho do portal Exame sobre a participação de Hartung no episódio:

Para resistir a tanta pressão, Agnelli começou a pedir a políticos "amigos" que intercedessem a seu favor junto a Lula. Segundo EXAME apurou, entre os acionados estavam o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Paralelamente, nos dias 14 e 15 de agosto, Agnelli e alguns diretores da Vale ciceronearam o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, numa visita a operações e projetos sociais em Carajás.

Oficialmente, a Vale informa que foi uma visita de cortesia, para a qual o ministro já havia sido convidado há meses. Agnelli aproveitou a providencial presença do ministro para conversar sobre a polêmica com Lula.

Segundo a assessoria de imprensa de Martins, o ministro disse a Agnelli que para acabar com o mal-estar bastava a empresa manter o compromisso de fazer, o mais rápido possível, as quatro usinas siderúrgicas prometidas ao presidente.

Como o esforço nos bastidores não trouxe grandes resultados, Agnelli deixou a sede da Vale, no Rio de Janeiro, e embarcou para Brasília.

Munido de um relatório detalhado sobre os investimentos da companhia, durante 2 horas, ele expôs ao presidente Lula, ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o andamento dos projetos, os resultados e as dificuldades enfrentadas.

Na mesma época, mandou produzir peças publicitárias com o mote "A empresa privada que mais investe no Brasil" para veicular na mídia impressa e no horário nobre da televisão.

"Ficamos preocupados. Talvez estivéssemos comunicando mal as nossas iniciativas", afirma José Carlos Martins, diretor executivo de minerais ferrosos da Vale (Agnelli preferiu não dar entrevista).

Apesar dos ataques, Martins descarta a possibilidade de a Vale tomar qualquer decisão que não siga a lógica dos negócios. "Temos regras de governança bastante claras, e nenhuma decisão é tomada fora delas", diz.

Apesar da queda de braço entre o presidente e a Vale, os investidores da mineradora continuam a demonstrar confiança no futuro da empresa. O valor dos papéis negociados na Bovespa subiu 9% do início de agosto até 25 de setembro.

Para a maioria dos analistas, apesar da pressão governamental, a Vale deve manter sua estratégia de ser sócia minoritária nos projetos siderúrgicos, de modo a assegurar grandes contratos de fornecimento de minério.

"As siderúrgicas agregam valor, mas, se os projetos não forem bem conduzidos ou custarem caro demais, pode haver uma erosão das margens de lucro", diz Gilberto Cardoso, analista de mineração do banco Banif. "É um risco que deve ser analisado pela Vale com cuidado."

Hoje, as margens de lucro do minério de ferro são de cerca de 60%, enquanto as do aço dificilmente passam de 40%.

Para Agnelli, pelo menos por enquanto, esses números falam mais alto que a
pressão que vem de Brasília.

C/ o portal Exame.

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