sábado, 19 de junho de 2010

A vuvuzela chega ao celular, mas inventor diz que nunca recebeu dinheiro pela criação


Uma das estrelas desta Copa é a vuvuzela. O som da corneta africana está em todos os lugares. Nos estádios ou nas ruas,  virou febre até nos celulares e internet. O aplicativo que imita o som da corneta é um dos mais baixados na Apple Store. Os usuários do iPhone fizeram mais de 750 mil downloads em apenas um mês, nas lojas virtuais da Apple na Reino Unido e Holanda.

Com isso, os celulares se tornaram vuvuzelas digitais ambulantes. Ao todo, são 11 aplicativos de vuvuzelas na loja da Apple para iPhone e iPads. O termo vuvuzela já é o mais requisitado no programa de buscas do Google nos Estados Unidos. A versão digital do "berro zulu" também foi criada para os usuários do sistema operacional Android. No Brasil,  sites de downloads já oferecem o aplicativo do som para colocar nos celulares.

Enquanto isso, Saddam Maake, 55 anos, morador de Tembisa, cidade de classe média-baixa a cerca de 40 km a nordeste de Johanesburgo,  que alega ser o seu inventor, diz que nunca recebeu dinheiro por sua criação.

Nascido em Limpopo, província rural no nordeste da África do Sul, diz ter inventado a vuvuzela quando criança, a partir de uma simples buzina. "Eu ia ver meus amigos jogarem bola, tirava a parte de borracha da buzina e ficava fazendo barulho assoprando com a boca", conta. O nome vuvuzela, no entanto, só veio anos depois, em 1992, quando um amigo já havia se encarregado de "fabricar" uma mais comprida e de plástico.

Ele contou que o nome veio por acaso, sem razão especial. " Fomos para o Zaire ver o Bafana Bafana jogar e eu era o único no estádio com a vuvuzela."  Segundo Saddam, na volta, veio a ideia de fazer o instrumento com as cores da seleção sul-africana – amarelo e verde.

Ele diz que a popularização, no entanto, só veio em 1996, quando a África do Sul ganhou em casa a Copa Africana de Nações. "Em 1999, vi que um empresário da Cidade do Cabo estava fabricando a vuvuzela e dizia que tinha inventado o instrumento", lembra Saddam. "Fui até lá, falei com ele várias vezes, mas nunca chegamos a um acordo."

Ele se orgulha de ter sido apresentado a personalidades como o presidente da Fifa, Sepp Blater, o atual técnico da seleção sul-africana, o brasileiro Carlos Alberto Parreira e o próprio presidente da África do Sul, Jacob Zuma. Ao recordar esses encontros Saddam exagera a sua importância para o futebol sul-africano.

"O presidente (Jacob) Zuma me disse: ‘Saddam, nosso país tem orgulho de você. Se hoje estamos sediando uma Copa do Mundo, é por sua causa’", conta. "O que as pessoas que me perguntam sobre dinheiro não entendem é que eu sou um escravo do futebol. E o que eu quero é ver as pessoas se divertindo, tocando a vuvuzela por aí. Não quero dinheiro, mas quero que saibam que eu sou o dono, eu sou o pai. O nome vuvuzela surgiu comigo."

Aos torcedores que se animaram a comprar sua vuvuzela para assistir aos jogos da Copa, Saddam pede que respeitem o "código de ética" do uso do instrumento: não se pode tocar durante a execução dos hinos nacionais nem nos minutos de silêncio. “E, principalmente, nunca se deve tocar uma vuvuzela no ouvido de outra pessoa”, ensina. (C/ Valor on line e BBC Brasil)

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