quarta-feira, 16 de junho de 2010

OAB nacional pede divulgação das investigações sobre quadrilha que fraudava concursos

O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, afirmou nesta quarta-feira que a instituição quer "ampla divulgação de todos os detalhes das investigações" que resultaram na identificação de pessoas acusadas de fraudar concursos públicos em todo o país --inclusive um da OAB (veja neste blog).

Nesta quarta-feira, 12 pessoas foram presas por suspeita de envolvimento nas fraudes. De acordo com a OAB, Cavalcante foi informado da deflagração da Operação Tormenta pelo próprio diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, por meio de telefonema. Nesta quinta-feira (17), os dois devem se encontrar em Brasília para tratar do assunto.

Para Cavalcante, para que não paire nenhuma dúvida quanto à lisura e importância do exame, é necessário saber onde e de que forma agiam os criminosos, para que estes respondam, na forma da lei, por seus crimes. "A OAB não pode e nem irá permitir que um bacharel em direito ingresse na carreira pelas portas do crime", afirmou.

As investigações que identificaram a quadrilha tiveram início após concurso para Agente de Polícia Federal, realizado em 2009. De acordo com a corporação, foram identificados 53 candidatos que tiveram acesso à prova. Dessas pessoas, seis teriam conseguido chegar à fase final do concurso e seriam empossadas na próxima sexta-feira (18). Eles foram expulsos hoje.

Além disso, outras 26 pessoas tiveram acesso à uma prova da OAB. Há indícios ainda de que 41 tenham fraudado prova da Receita Federal, ocorrida em 1994. "A partir daí, a PF apurou que a quadrilha atuava em todo o país, mediante o acesso aos cadernos de questões, antes da data de aplicação das provas", afirmou a Polícia Federal. Mais de 130 mil pessoas estavam inscritas nos concursos fraudados. O grupo cobrava valores entre R$ 30 mil e cerca de R$ 270 mil pelas provas.

No concurso da Receita, a suspeita de fraude foi investigada logo após a aplicação da prova, mas essas 41 pessoas suspeitas conseguiram direito na Justiça para que fossem empossadas, além do recebimento de indenização no valor de R$ 3 milhões cada um pelo tempo em que não puderam assumir o cargo. 

A polícia aponta que mesmo após o início das investigações e a divulgação de fraude na prova da OAB, os criminosos tentaram fraudar ainda, sem sucesso, um concursos da Caixa Econômica Federal, da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), do INSS, da AGU (Advocacia Geral da União), da Santa Casa de Santos, de Defensor Público da União e da Faculdade de Medicina de Ouro Preto.

Todas as pessoas apontadas como clientes da quadrilha foram indiciadas, mas permanecem soltas. Elas devem responder pelos crimes de interceptação e estelionato. Já os suspeitos de fraudar as provas devem responder por formação de quadrilha, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos públicos, entre outros. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje que os funcionários públicos federais que foram admitidos por concursos públicos fraudados vão ser demitidos. (C/ Folha on line)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário, e não esqueça de se identificar clicando em "Comentar como", e escolhendo a guia "Nome/URL". Grande abraço!