quinta-feira, 4 de março de 2010

Senadores divergem sobre licença de Lula; Sarney descarta assumir Presidência

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou nesta quinta-feira (4) a possibilidade de assumir a Presidência da República caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva peça licença do cargo para se dedicar à campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto.

Sarney disse que a possibilidade "não existe", até mesmo porque, como ex-presidente, não lutaria para assumir interinamente o cargo. "Quem foi presidente da República vai lutar para ser presidente interino? Isso é procurar cabelo em casca de ovo", afirmou.

Sarney disse que nunca foi procurado por Lula para conversar sobre a possibilidade de assumir a Presidência da República. "Isso não existe, não tem fundamento. Se o presidente não se licenciou para a candidatura dele [em 2006], por que vai se licenciar para a candidatura de uma outra pessoa?", questionou, ao lembrar a reeleição de Lula, quando o presidente se manteve no cargo mesmo candidato.

Nota publicada nesta quinta-feira pelo jornal "O Globo" afirma que Lula pretende se licenciar do cargo nos meses de agosto e setembro para se dedicar à campanha de Dilma.

O objetivo do presidente seria evitar problemas com a Justiça Eleitoral, tendo liberdade para participar ativamente da campanha de Dilma. Com a licença, Sarney assumiria a presidência já que o vice-presidente, José Alencar (PRB), e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), pretendem disputar as eleições de outubro --por isso não poderiam assumir o cargo.

Pela Constituição Federal, Sarney é o terceiro na linha sucessória, atrás do vice-presidente da República e do presidente da Câmara. Depois de Sarney, cabe ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, assumir o comando do país na ausência do titular.

Alencar é cotado para disputar o governo de Minas Gerais ou uma vaga no Senado. Já Michel Temer é o nome escolhido pela cúpula do PMDB para ser indicado à vice-presidência da República na chapa de Dilma.

A oposição reagiu à possibilidade de Lula se licenciar do cargo para se dedicar à campanha de Dilma. Para o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a decisão seria "coerente" se o presidente se afastasse desde já das suas funções --uma vez que avalia que o petista já deu início à campanha da pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto.

"Acho que, se o presidente quer ser isento da máquina, tem que se afastar agora. Se quer demonstrar isenção, tem que sair agora. Licença em setembro é golpe eleitoral", disse.

Aliado de Lula, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse não acreditar na possibilidade de o petista deixar o cargo. "Pelas informações que me deu, disse que não tiraria licença. Isso poderia ocorrer para evitar a conotação de uso da máquina do Estado para favorecer uma candidata. Se o presidente for para a rua, aí o trem vai complicar", disse.

Na opinião de Delcídio, Lula é o cabo eleitoral mais desejado por todos os candidatos à sua sucessão. "Imagina o Lula andando na rua pedindo voto, entregando santinho? Imagina o que vai representar para a campanha. É um cabo eleitoral que todos nós queremos", afirmou.

Para o senador Renato Casagrande (PSB-ES), a licença é um instrumento previsto na Constituição Federal, mas cabe ao presidente decidir se irá utilizá-lo este ano. "Com a licença, ele não estaria usando a máquina a favor de uma candidatura. Mas tem que ver quem vai assumir, se tem condições à altura de conduzir o governo. O Brasil não pode ficar prejudicado", afirmou.

C/ Agência Folha

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