quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O fim de uma era no Tribunal de Contas?

(Por Maura Fraga)

A tarde desta quinta-feira (3) poderá marcar o fim da chamada "Era Valci, Enivaldo e Madureira", no Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES). A se confirmar a não reeleição do atual presidente, conselheiro Marcos Madureira.

Não faz muito tempo, o TCES permanecia como um dos últimos redutos de poder ainda sem interferência direta do governador Paulo Hartung (PMDB). Embora abrigasse setores agressivos da oposição. Sempre houve, porém, por parte do Governo, o exercício de severa vigilância sobre a Casa.

O governador manteve distância do Tribunal, mas infiltrou interlocutores de sua total confiança no local onde esteve apenas uma vez em quase oito anos de mandato- numa cerimônia, no auditório, na primeira fase do Governo.

Quem acreditou que o governador não estivesse interessado em interferir no TCES, incorreu num engano. A área de ação reduzida não intimidou Paulo Hartung.
Através da política de um front de cada vez, ele passou a ocupar espaços no TCES nomeando conselheiros.

Primeiro, reconduziu à Casa um funcionário pouco prestigiado dentro do TCES, que havia sido convocado para prestar serviço ao Governo como chefe dos auditores: Sebastião Ranna.

Numa segunda oportunidade, nomeou o aliado Sérgio Aboudib, chefe da Casa Civil, para substituir o conselheiro Dailson Laranja, que se aposentou.

O uso desse bisturi, por Hartung, para dar uma cara nova ao TCES teve como motivação o interesse em evitar surpresas. Candidato ao Senado, em 2010, não pode confiar o julgamento das suas contas aos amigos de ocasião, depois de ter tido contas anteriores "aprovadas com restrições" pelo mesmo TCES.

Tendo como aliados Aboudib, Ranna e podendo cooptar Enivaldo dos Anjos, cujo filho, deputado estadual Giuliano dos Anjos, da base aliada do Governo, precisa do apoio Palaciano para se reeleger, Hartung não pode contar com Messias e Marcos Madureira.

Nesse cenário, o conselheiro Elcy de Souza surgiu como a esfinge: "Decifra-me ou te devoro". Homem do Ministério Público, indicado pelo ex-governador José Ignácio, fugindo à sua habitual reserva, lançou-se candidato a presidente de forma desafiadora.
O que não aconteceria se não tivesse bons apoiadores.

Além do Ministério Público- totalmente identificado com Hartung-Elcy conta com setores do Tribunal de Justiça, originários também do MPES. Soma-se a isso, o fato de não ter sido citado em supostos escândalos, como alguns dos seus pares. A
contestação de um político à sua nomeação como conselheiro também foi recusada pela Justiça.

O grupo de Madureira, ao lançar Umberto Messias para a presidência, usa a tactique du perroquet do general francês Foch que recomendava aos soldados, como medida de segurança, agirem como o pagaio, agarrando-se aos galhos com os dois pés e mais com bico.
Uma tentativa de se manter no centro das decisões do Tribunal que talvez não funcione. No Tribunal de Contas do Espírito Santo, o voto é secreto.

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