sexta-feira, 30 de abril de 2010

Presidente da Vale dispara contra Eike e diz que ele precisa conhecer como funciona de verdade o mercado

"A primeira coisa que o Eike (Batista, presidente do grupo EBX) tem que fazer é começar a produzir. Depois disso, ele vai ver como funciona de verdade o mercado", disparou hoje (30) pela manhã o presidente da Vale, Roger Agnelli, em entrevista sobre a aquisição feita pela mineradora do controle da BSGR, que detém a concessão da reserva de minério de ferro de Simandou, na Guiné. 

A crítica foi uma resposta de Agnelli a declarações recentes de Eike, de que se deve estimular a produção de mercadorias de alto valor agregado, como o aço, em vez de exportar o minério para a China. Segundo Agnelli, a produção de aço da China, maior comprador mundial de minério de ferro, já é muito grande e a melhor forma de agregar valor é tirar dinheiro do que está na terra, como o plantio ou a extração de minério.

A posição de Eike, de que se deve agregar valor à produção brasileira de minério de ferro com a instalação de siderúrgicas no país, é compartilhada pelo governo Lula.

No fim do ano passado, o grupo EBX, de Eike, fechou a venda de uma participação de 21,5% da mineradora MMX ao grupo chinês Wuhan, em um acordo que prevê também a construção de uma usina siderúrgica integrada ao Porto de Açu.

No mês passado, em um evento do Valor em Nova York, o empresário declarou, em alusão direta à Vale: "Em minhas negociações com os chineses, tenho dito que para cada três toneladas de minério de ferro vendidas, uma delas deve ficar no Brasil, para ser transformada em aço. É assim que podemos deixar de ser exportadores de commodities".

Eike vem sofrendo críticas sobre seus investimentos, quase todos eles ainda em fase pré-operacional. Em resposta, ele tem dito que são projetos grandes, como os da OGX, de petróleo, que demandam vultosos investimentos e que levam um tempo até atingir a fase de produção.

LICENÇA AMBIENTAL

Na entrevista, Agnelli também críticou a demora no licenciamento ambiental para exploração de reservas minerais brasileiras e as discussões sobre a criação de um imposto de exportação.

"Eu não acredito em imposto de exportação", afirmou, ressaltando que países que aderiram a esse tipo de tributação, como a Índia, perderam mercado."Aumentamos nossos embarques para a China em 2009 e boa parte desse mercado foi perdido pela Índia para nós." Para ele, em vez de criar novos impostos, deve-se agora melhorar a eficiência dos recursos arrecadados e evitar que setores competitivos sejam penalizados com a tributação.

A Vale produz hoje cerca de 300 milhõe de toneladas de minério de ferro e pretende chegar a um volume entre 450 milhões e 500 milhões em 2014 - um crescimento superior a 50%. De acordo com a companhia, a aquisição do controle de Simandou, hoje, dará condições de a empresa atingir essa meta.

A mineradora tem tentado acelerar a produção de suas reservas por conta da forte demanda por minério de ferro no mundo, mas vem encontrando dificuldades, segundo Agnelli, por causa da demora na liberação das licenças ambientais."Não falta vontade (de investir), recursos, ou demanda no mercado. A verdade é que o Brasil está lento. O licenciamento é lento.

No ano passado, já perdemos nossa posição de produção mundial para a Austrália. Estamos perdendo participação de mercado."Na Guiné, onde fica Simandou, o sistema de aprovação de licenças é rápido e há prazos determinados para a expedição dos documentos. Apesar disso, garante o diretor executivo de ferrosos da Vale, José Carlos Martins, o país não se descuida da questão ambiental. (Com Valor on line)

Um comentário:

  1. Deixem de brigar crianças!!! Cada qual com seu modelo: Eike quer produzir aço, além de exportar minério de ferro, Agnelli quer se concentrar na matéria-prima, mas a Vale também atua em outras áreas: carvão, níquel, fertilizantes, etc. Como tenho ação das duas empresas, tomara que ambas sejam muuuuuuuuuuuuito lucrativas!!!!

    ResponderExcluir

Olá, seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário, e não esqueça de se identificar clicando em "Comentar como", e escolhendo a guia "Nome/URL". Grande abraço!