O senador José Sarney é um homem disposto a tudo, quando se trata de defender a sua própria sobrevivência política. Disso, os brasileiros sabem. Mas o seu relato ao historiador Ronaldo Costa Couto, quando presidente da República, mostra que pode ir além do que supõem até os seus inimigos, quando se sente ameaçado. Confira:
"De revólver engatilhado"
Sarney conta que foi à reunião do PDS armado com um revólver calibre 38 e preparado para tudo. Explica que o momento era decisivo: os malufistas compareceriam em massa e pressionariam, talvez além do limite admissível. Mais: recebera informação de que dois ou três deputados do grupo estavam decididos a desrespeitá-lo.
“Os jornais haviam dado que dois ou três deputados, cujos nomes eu não quero relembrar, tinham dito que iam tumultuar a sessão, tirar-me de lá no tapa. Eu tinha um revólver. Aliás, não foi a primeira vez não. Eu andei armado muito tempo. Tinha uma inimizade com o senador Vitorino Freire, lá do Maranhão, que era muito agressivo. E ele dizia: “ Vou tirar o bigode do Sarney”. Então, eu fiquei preparado. Todo dia, eu chegava ao Senado e pensava: “É hoje que vão tirar o meu bigode e eu tenho de estar preparado”. Treinei a andar com uma pistola. É melhor, porque revólver a gente vai puxar e ele sai do ponto, a gente erra. Eu treinei com essa pistola. Ela tinha um travão do lado. A bala já na agulha, mas com ela travada. Era um perigo, mas era também a única maneira que eu tinha de não errar, não é? (...) Mas no dia da reunião do PDS, eu fui com essa disposição. Na hora, um daqueles deputados realmente começou a fica meio saliente. E eu parti em cima dele:” Enquanto eu estiver aqui neste cargo, não admito isso! Cale-se!” Eu já estava com a minha determinação... Aí, eu senti que ele afrouxou. Eu anunciei minha decisão. A reunião terminou. (...) Eu confesso que estava até um pouco frustrado por não a ter utilizado. Em política, a gente tem que viver os momentos de decisão. A noção de risco não desaparece totalmente. Em minha vida política, eu participei de vários episódios em que houve tiroteios. Isso lá no Maranhão. E, na hora, a gente enfrenta. Não digo isso por bravata não. Nem chamo de coragem. Eu sempre fui muito calmo nessas horas todas. Não gosto de bravata, mas também não corro de briga não."
O Blog: A reunião a que Sarney compareceu armado decidiu sobre a escolha de Paulo Maluf, de São Paulo, como candidato a presidente da República pelo PDS. A primeira eleição de civil, após anos de ditadores militares, mas ainda por via indireta. Sarney era presidente nacional do PDS- partido ligado aos militares e conservadores. Renunciou ao cargo na reunião a que foi armado, sob pressãol dos partidários de Maluf. O depoimentos faz parte do livro de Ronaldo Costa Couto, “ História indiscreta da ditadura e da abertura- Brasil: 1964- 1985.”
Costa Couto, economista formado pela UFMG, doutor em história pela Universidade Paris-Sorbonne, ocupou a Secretaria de Planejamento do Governo Tancredo Neves, em Minas Gerais, e o Ministério do Interior do governo Sarney, além da Chefia da Casa Civil, entre outras atribuições.
NOVIDADE SOBRE A PEC DA MÚSICA!
ResponderExcluirA PEC, que teve sua votação adiada, já tem nova data definida para ir a Plenário: É AMANHÃ, DIA 28/10, ÀS 18H NA CÂMARA DOS DEPUTADOS, EM BRASÍLIA!
Ainda há tempo de pedir aos deputados de seu Estado que votem a favor da PEC. A lista de e-mail de todos os parlamentares está disponível aqui: http://www2.camara.gov.br/deputados/arquivo
Informe seus leitores, divulguem, compareçam à Câmara!
A presença de músicos, artistas, produtores e outros interessados no tema é fundamental! Haverá estrutura para recebê-los e todos estão convidados!
Maiores informações: http://www.otavioleite.com.br/pesquisa.asp?q=pec+da+musica
Twitter da PEC: http://twitter.com/pecdamusica
Twitter do Deputado Otavio Leite (autor da proposta): http://twitter.com/otavioleite