A avaliação foi feita por dois auxiliares do presidente Lula em condição de anonimato, sobretudo face à intenção dos partidos oposicionistas de jogar a discussão para depois das eleições de 2010. "O Senado pode nunca votar o pré-sal", disse um desses auxiliares.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu voltar atrás por conta dos focos de rebelião dentro da base aliada ao imprimir celeridade constitucional ao novo marco regulatório. O anúncio da mudança foi feito nesta quarta-feira pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), após encontro com Lula.
Pelo regime urgência, se os projetos não forem votados no prazo de 45 dias em cada Casa, a pauta de votações fica trancada. O governo gostaria de ter a matéria aprovada até o início do ano que vem, o que evitaria que ela sofresse muita contaminação do calendário eleitoral.
O acordo da Câmara --Casa com forte maioria aliada-- não implica dores de cabeça ao governo do tamanho das que terá no Senado. Lá, o Planalto tem, oficialmente, 54 dos 81 votos.
Formalmente, no entanto, tem contado com muito menos.
No caso do pré-sal, em que há divisões de mérito na própria base, esse número ainda pode cair bastante.
"E preciso prestar atenção no Senado", afirmou à Reuters o senador Renato Casagrande (PSB-ES- foto).
Apesar de ter classificado o recuo como positivo, ele admite que a tendência agora é um debate mais lento.
"Se o debate de mérito for duro na Câmara e o governo atropelar, os projetos já chegam aqui quadrados e pode complicar um pouco mais", acrescentou Casagrande.
Mas a correlação de forças no Senado não significa somente demora, pode representar mudanças no texto dos projetos que o governo não quer nem ouvir falar.
"Teremos mais tempo para aprimorar as propostas. Esse recuo do governo é providencial", disse o senador oposicionista Álvaro Dias (PSDB-PR).
(Reportagem de Natuza Nery/ portal Exame)
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