segunda-feira, 12 de abril de 2010

Fazendeiro Bida condenado a 30 anos pela morte da missionária Dorothy Stang

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão, em regime fechado, por mandar matar a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang ( foto) em 2005.

O júri considerou o homicídio duplamente qualificado, pois houve promessa de recompensa e utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Além disso, foi considerado mais um agravante, já que vítima era idosa --Dorothy estava com 73 anos na época do assassinato.

O juiz Raimundo Moisés Flexa falou que Bida tinha uma personalidade "perversa e covarde" e que ele ajudou a matar "uma anciã indefesa". Ainda segundo Flexa, os atos do fazendeiro "negam a própria racionalidade humana". A condenação foi dada por maioria dos votos do júri. A defesa de Bida afirmou que deve recorrer utilizando o argumento de cerceamento de defesa.

Bida negou envolvimento com o crime e disse que não tinha motivação para matar Stang. Um de seus defensores, Paulo Bonna, chegou a errar seu nome durante o julgamento --e afirmou que, caso Bida seja condenado, vai recorrer alegando que houve cerceamento da defesa, já que não teve acesso aos autos.

Como ocorreu em 31 de março, data original do júri, o advogado de Bida, Eduardo Imbiriba, não compareceu. Desta vez, mandou o colega Arnaldo Lopes de Paula, que pediu mais tempo para se inteirar do processo, tentando assim adiar novamente o julgamento.

Mas, em vez de aceitar a prorrogação, o juiz Flexa negou o pedido de Lopes de Paula e nomeou dois defensores públicos para o caso, como prevê a legislação. A reportagem ligou para Imbiriba, mas ele disse que estava "em uma reunião" e que por isso não poderia falar.

Este é o terceiro júri de Bida. Em 2007, ele foi condenado a 30 anos. Como a lei da época permitia um novo julgamento a quem fosse sentenciado a mais de 20 anos, ele passou por um novo júri, em maio de 2008, quando foi absolvido.

À época, a absolvição provocou revolta entre ambientalistas e defensores dos direitos humanos. Para eles, as declarações dos outros três condenados e presos pelo crime, que apontam Bida como o mandante, são provas suficientes de que o fazendeiro é culpado. Após muita pressão, o júri de 2008 acabou anulado pelo Tribunal de Justiça do Pará no ano passado, acatando pedido do Ministério Público Estadual.

A missionária foi morta por dois pistoleiros com seis tiros, numa estrada de terra de Anapu (PA), em fevereiro de 2005. Tinha 73 anos. Ela defendia os direitos de pequenos produtores rurais da região de Altamira (PA) e denunciava crimes ambientais e fundiários, como a grilagem de terra. Com Folha on line.

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