terça-feira, 23 de março de 2010

Favelas do mundo crescem, apesar do crescimento rápido da economia

Quase um quarto de bilhão de pessoas saíram das condições de faveladas na última década, impulsionadas por um crescimento econômico rápido em gigantes emergentes China e Índia, mas o número de pessoas que vivem nelas continua a subir, segundo a agência de habitação da ONU.

O número de pessoas vivendo em favelas aumentou de 55 a 827.6 milhões com o crescimento populacional, e a migração do campo superou o efeito da mobilidade ascendente nas cidades, segundo o relatório bienal da ONU Habitat sobre as cidades.

"A situação tem melhorado ao longo de 10 anos, mas, infelizmente, no mesmo período, o aumento líquido dos pobres urbanos é de 55 milhões", disse, no Rio de Janeiro, Anna Tibaijuka, diretora-executiva do programa habitacional da ONU Habitat. Esta semana, o Rio sedia o Fórum Urbano Mundial sobre a situação das cidades do mundo, onde mais de metade da população mundial vive agora.

Cerca de 227 milhões de pessoas escaparam da condição de faveladas de 2000 a 2010, o que significa que os países ultrapassaram facilmente o seu objectivo coletivo sob a meta das Nações Unidas de  Desenvolvimento do Milênio, conforme o relatório apresentado por Tibaijuka na última sexta-feira (19).

Tibaijuka minimizou a realização de bater a meta do milênio de retirar 100 milhões de pessoas da pobreza, chamando-a de "totalmente inadequada". Os objetivos do Milênio incluem a redução da pobreza extrema, redução da mortalidade infantil e combate a epidemias em 2015. 

Na China, as políticas de crescimento ajudaram a reduzir o número de favelados em um quarto ao longo da década, enquanto a Índia conseguiu uma redução de um terço. Pelo menos, 125 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza nos dois gigantes emergentes.

Na América Latina, o Brasil lidera na redução da pobreza absoluta com 10,4 milhões de pessoas deixando a condição de faveladas.  "No caso brasileiro, o principal fator foi o saneamento básico e, sobretudo, o Nordeste, onde os avanços mais significativos ocorreram", disse Eduardo Lopez-Moreno, um dos autores do relatório.

Não à toa o tema do fórum deste ano é “O Direito à Cidade: Unindo o Urbano Dividido”. Para Anna Tibaijuka, as cidades concentram o que ficou conhecido como a “vantagem urbana” – um “conjunto de oportunidades”, que vão dos serviços básicos até a saúde, educação, equipamentos públicos e emprego remunerado. São bens que, segundo ela, “nunca foram tão valiosos para o desenvolvimento humano”.

O paradoxo está no fato de que as cidades concentram também graus “muito altos ou inaceitáveis” de desigualdade. “Acesso igualitário a serviços e oportunidades urbanas é, frequentemente, restrito por todos os tipos de barreiras invisíveis”, afirma a diretora-executiva da ONU-Habitat - sessão das Nações Unidas dedicada à discussão e acompanhamento das políticas urbanas no mundo. Para ela, a favela é “a forma mais cruel da divisão urbana”.

C/ Informações Reuters

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