domingo, 10 de janeiro de 2010

Saída de Vannuchi do Governo pode atingir Perly Cipriano





Neste domingo, a Folha de S.Paulo destaca a ameaça do secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, de pedir demissão caso o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos seja alterado para permitir a investigação de militantes da esquerda armada durante a ditadura militar (1964-1985), como exigem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e as Forças Armadas.

Vannucchi condena a tentativa de colocarem no mesmo nível torturadores e torturados. "Uns agiram ilegalmente, com respaldo do Estado, os outros já foram julgados, presos, desaparecidos e mortos," comparou o secretário, citando o próprio presidente Lula, que foi julgado e condenado a três anos (pena depois revista) por liderar greves no ABC.

A ameaça de Vanucchi  leva à pergunta sobre como ficará o representante do PT capixaba no segundo escalão do Governo Lula, o subsecretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano, que considera a  tortura " crime contra a humanidade, imprescritível."

Em suas andanças pelo país, Perly costuma lembrar que o Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção de Enfrentamento à Tortura, que condenam a prática, e defende que as pessoas sejam responsabilizadas pelos seus crimes.

"Mesmo durante a ditadura militar, não havia nenhuma lei, nenhuma norma que dissesse que alguém poderia torturar uma pessoa. Esses torturadores precisam ser conhecidos do Brasil. Quem foram esses torturadores? Eu conheci todos os que me torturaram. E um que me torturou virou reitor de uma universidade federal em Pernambuco",  afirmou em várias ocasiões.

Se Vannuchi deixar o ministério de Lula, será difícil para Cipriano- apesar da ligação com o presidente e de ter fundado o PT no Espírito Santo- continuar no Governo, sem entrar em conflito com a sua própria história. Perly foi um dos principais idealizadores da campanha que levou o país à conquista da anistia e dela se beneficou quando cumpria 10 anos de prisão.

Um olhar rápido na situação criada após o lançamento do PNDH,  mostra que militares das três armas, apoiados pelo ministro Jobim, se recusam a aceitar que torturadores sejam identificados e punidos. E, caso o programa não seja alterado, exigem uma contrapartida: o julgamento dos militantes da esquerda armada.

Um recado direto aos ministros Franklin Martins e Dilma Roussef, que participaram da luta armada, segundo a imprensa nacional.

Um recado de quem aposta na impunidade e não acredita que o Brasil possa levar a julgamento, como a Argentina e outros países vizinhos, torturadores fardados ou não, para este blog.

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