sábado, 16 de janeiro de 2010

"Não sei como escapei" relata freira que estava com Zilda Arns no Haiti

Em comovente relato às repórteres Ana Flor e Estelita Hass Carazzai, publicado no portal Folha on line neste sábado (16) a freira Rosângela Altoé, 56, secretária da Pastoral Internacional da Criança, lembra que estava a menos de 2 metros de Zilda Arns quando o prédio em se encontravam, no Haiti, desabou por causa do terremoto, na terça-feira. Zilda e 16 sacerdotes católicos, no prédio, morreram. Rosângela sobreviveu.

"Eu não sei como consegui escapar. Eu fui pulando", disse ela ontem, durante entrevista no velório de Zilda Arns, em Curitiba (PR). Ela tinha hematomas nas pernas e no braço esquerdo, mas estava bem.

Rosângela, Zilda e um padre haitiano que conversava com a médica estavam no terceiro e último andar do prédio em que funcionava um centro de formação da igreja local, quando ocorreu o tremor. Zilda havia acabado de dar uma palestra para cerca de 150 religiosos sobre a Pastoral da Criança.

"Eu me virei para pegar o material e ir embora quando ouvi um estrondo muito forte, parecia uma bomba", disse Rosângela. Segundos depois, de acordo com ela, a laje começou a inclinar e ceder. Rosângela escorregou por sobre a laje, até ir de encontro a um buraco que havia se aberto na parede. Foi por ali que ela pulou para fora do prédio, antes que as paredes caíssem sobre ela.

"Nesse momento, subiu uma nuvem branca de poeira e a gente não via mais nada. Eu só escutava o grito das crianças, o choro, o pavor de mães e pais gritando por seus filhos."  Havia uma escola ao lado do prédio em que ela e Zilda Arns estavam. Dezenas de crianças morreram soterradas.

Rosângela e os outros sobreviventes, entre eles três soldados brasileiros que ajudaram nos primeiros socorros, tentaram voltar ao que restou do prédio em busca de Zilda e outras pessoas, mas desistiram após novos tremores de terra.

Do local do desabamento até a base militar brasileira, para onde ela e os soldados foram em busca de ajuda, foram quatro horas a pé. Em condições normais, o trajeto seria percorrido em meia hora. "Havia cadáveres e destroços por todos os lados", disse Rosângela.

O corpo de Zilda, segundo o senador Flávio Arns (PSDB), sobrinho da médica, foi encontrado apenas na manhã de quarta-feira, graças à indicação do sacerdote que conversava com ela e que sobreviveu ao terremoto. Só os pés estavam para fora dos escombros. O resto havia sido soterrado.

C/ Folha on line

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