domingo, 1 de março de 2009

A 1ª viagem do Concorde ao Brasil, como eu vi

Uma legenda da aviação faz 40 anos, e não está mais nos ares.

Era um domingo como hoje, em 1974, escalada para cobrir o voo inaugural do supersônico francês Concorde, entre Paris e Rio de Janeiro, parti para o Galeão com o fotógrafo, acreditando que seria uma matéria comum.

Quando o pássaro branco surgiu no horizonte, numa velocidade incrível, e suavemente pousou na pista, a multidão de anônimos, ao meu redor, aplaudiu o grande final do espetáculo que a França nos oferecia naquela tarde.

Lançado em 1969, o Concorde só chegou ao Brasil cinco anos depois. Hoje, por coincidência domingo, como no dia do voo inaugural, a imprensa internacional o chama de "pássaro branco", como fiz na minha matéria.

Imaginei, ali, como seria maravilhoso realizar o sonho de conhecer Paris, viajando num Concorde. Mas, em 1974, eu estava oficialmente proibida de sair do país, por falta de acesso à documentação exigida. As viagens a Paris vieram depois, com a anistia, inúmeras, nenhuma no Concorde.

O supersônico, de bico enorme, com 62 metros de largura, velocidade máxima de 2 500 quilômetros por hora, cortava os céus entre Paris e Nova York em três horas.

Logo se descobriu que consumia mais combustível que os Airbus A 380-3 dos norte-americanos, sempre preocupados com a praticidade, ao contrário dos franceses, amantes da sofisticação e do luxo.

Caros, sim, nem por isso estrelas de várias grandezas dispensaram o prazer de voar no " pássaro branco" . Da Rainha Elizabeth II ao Papa João Paulo II, passando por Margareth Thatcher, todo mundo quis estar a bordo de um deles.

Ao declínio dos anos 80, devido aos custos, somou-se a tragédia perto do aeroporto Charles de Gaulle, com mais de cem mortos, em julho de 2000.

O modelo saiu de circulação três anos depois, com uma inesquecível despedida: o Concorde da aerolineas British Airwais, em sua última ida a Londres, sobrevoou o canal da Mancha acompanhado de uma esquadrilha de aviões britânicos Red Arrows.

Não posso encerrar este post sem lembrar que Iran Frejat, o chefe de reportagem no domingo, na redação de O Globo, ao ler no meu texto que o avião havia sido aplaudido, não acreditou: " Maura, você está pensando que isso aqui é Vitória?"

Preferi nem responder.

C/ Informações do El Mundo

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