quarta-feira, 1 de julho de 2009

O adeus ao Dr. Pinotti

A morte do médico e deputado federal José Aristodemo Pinotti, 74 anos, nesta terça-feira (1), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, atinge no peito a mulher brasileira.

Ninguém, neste país, cuidou tão bem dessa área feminina, quanto o emérito professor, meu médico em certa época da vida, considerado o mais importante mastologista brasileiro.

Em sua clínica era possível encontrar a mulher de Delfim Netto, a governadora do Maranhão Roseana Sarney, entre suas clientes figurava Naomi Campbell. Mas havia pessoas comuns como eu.
E ainda clientes da rede pública.
Conheci-o num congresso sobre mastologia em Guarapari, no início dos anos 80, ao lado de outros notáveis da medicina, como Ivo Pitanguy. Trazia uma proposta desafiadora: a reconstrução do seio sempre que uma mulher sofresse amputação.

Mostrava pesquisas que comprovavam que a reconstrução, não só levantava a auto-estima feminina, mas também contribuía para prolongar a vida da mulher submetida à retirada do seio.

A tese não demorou a ser transformada em prática no país, com êxito.

Em 2000, um nódulo descoberto num exame de rotina, em casa, me levou à presença do doutor Pinotti, em São Paulo, e à possibilidade de me submeter àquilo que antes me despertara interesse.

Seu primeiro aviso foi de que, se desse positivo para câncer, ele faria "uma limpeza geral' e eu seria submetida à reconstrução do seio. Não foi preciso, porque o nódulo retirado na cirurgia do Sírio-Libanês, como comprovou a biopsia por congelamento, era benigno.

Mas tivemos conosco, na sala de cirurgia, durante todo o tempo, o cirurgião plástico que entraria com a reconstrução, se fosse preciso.

Guardo do doutor Pinotti a melhor das lembranças. Sempre o vi como um médico daqueles aos quais a gente tributa afeição quase filial. A notoriedade, conhecimento e sucesso financeiro não foram suficientes para afastá-lo da paixão pela medicina, e pelos doentes.

O legado que deixa, para a mulher brasileira, é valiosíssimo. Sua história será contada a partir de agora por muitos. Hoje mesmo, o Congresso Nacional parou em homenagem a esse patrono da mulher brasileira. Falar sobre ele, jornais, revistas, sites, o fazem neste momento.

Prefiro recordar o apoio e a confiança que me ofereceu num momento em que, como qualquer mulher do mundo, cai na perplexidade. E depois, a sua satisfação em saber que Deus me ajudara.

Doutor Pinotti estava internado devido a complicações de um tumor no pulmão e morreu às 3h45. Ele deixa mulher, a professora universitária Suely Pinotti, dois filhos e cinco netos.

Famoso por seu trabalho como ginecologista, ele estava licenciado do cargo de deputado federal, para o qual se elegeu pelo DEM em 2006, e exercia a função de secretário Especial da Mulher da Prefeitura de São Paulo desde março deste ano.
Formado pela USP foi diretor executivo do Instituto da Mulher do Hospital das Clínicas de São Paulo e chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da USP.
Na Unicamp, foi diretor da Faculdade de Ciências Médicas nos anos 1970 e ganhou o cargo de professor titular e chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Foi reitor da universidade entre 82 e 86.
Especializado em ginecologia pela Università Di Firenze (Itália), o médico era membro da Academia Paulista de Medicina e professor-adjunto da Universidade La Sapienza (Itália). Teve passagens pelos hospitais Pérola Byington e pelo próprio Sírio-Libanês.

Tem mais de 1.300 publicações, entre elas 37 livros científicos, mais de 450 artigos em revistas e jornais especializados nacionais e estrangeiros, duas teses publicadas, dois livros de poemas e colunas sobre saúde assinadas em jornais.
C/Informações da Folha on line.

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