Foram duas as consultas de Henrique Meirelles ontem para decidir se fica ou se sai do governo, o que anunciará nas próximas horas. Antes de ir ao presidente Lula, ele esteve com o presidente do PMDB, Michel Temer.
De ambos ouviu que não é realista continuar sonhando com o lugar de vice na chapa de Dilma Rousseff. De Lula ouviu uma avaliação reveladora de que o presidente já se conforma com a idéia de Temer como vice de Dilma.
“A realidade política caminha para isso”, disse o presidente, segundo um interlocutor a quem Meirelles relatou o encontro.
De Temer, a quem disse que jamais disputaria o lugar de vice, Meirelles teve o apoio para se candidatar ao Senado, por Goiás.
Temer acha que ele somaria na campanha de Íris Resende contra Marconi Perillo – este também um desafeto político de Lula.
A última pesquisa Datafolha, que deu a Serra uma dianteira de nove pontos sobre a candidata do governo, desenhou o cenário esperado por Temer: Dilma precisa de um vice que traga votos. Meirelles traz segurança para a estabilidade econômica, mas não é do que mais necessita o governo. Temer, com o PMDB, dá substância eleitoral, que é do que a candidata de Lula mais precisa agora.
A reflexão a que Meirelles se dedica desde ontem, após o encontro com Lula, só considera portanto duas possibilidades: Senado ou BC.
A primeira não lhe encanta tanto quanto a vice-presidência.
Ao pedido de Lula para que fique no BC, soma-se a perspectiva nada desprezível de vir a ser uma das principais autoridades monetárias do mundo, caso se mantenha na carreira técnica.
Meirelles tem posição privilegiada no BIS, o órgão que reúne os bancos centrais de todo o mundo, o que o projeta seguramente para um cargo internacional de grande poder e visibilidade.
C/ João Bosco Rabello - Estadão
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