terça-feira, 30 de março de 2010

Vale consegue que siderúrgicas paguem aumento de 90% pelo minério de ferro

As difíceis negociações sobre o preço do minério de ferro, componente essencial do aço, parecem ter terminado nesta terça-feira (30) a favor dos grandes mineradores, como a Vale do Rio Doce (foto: presidente da empresa, Roger Agnelli), que teria convencido a siderúrgica Nippon Steel a pagar mais pelo minério.

Quase na véspera de 1º de abril, data do vencimento do contrato anual anterior, a Vale, número um do setor, conseguiu que a Nippon Steel aceitasse pagar 90% a mais por seu minério de ferro, uma informação que o grupo japonês não quis comentar. O acordo poria fim a um antigo sistema de negociação em que o preço do minério de ferro era acertado apenas uma vez por ano.

Segundo a agência Dow Jones Newswires, o sul-coreano Posco também aceitou o aumento exigido pela Vale, levando em conta a alta do preço do minério de ferro num mercado estimulado pelo apetite chinês pelo aço.

Caso a notícia se confirme, esses acordos farão a tonelada de minério de ferro ultrapassar os 100 dólares, um preço contratual recorde que pode repercutir tanto no aço, como nas latas de conserva ou peças de automóveis.

Em meio a uma batalha cada vez mais feroz entre ambas as partes, a associação de siderúrgicas europeias Eurofer anunciou a apresentação de uma denúncia à Comissão Europeia por suspeitas de acordo ilegal entre os três grandes grupos mineiros, Vale e os anglo-australianos Rio Tinto e BHP Billiton, que repartem entre si os 70% do mercado do minério de ferro.

NO BRASIL

A notícia de que a Vale e as siderúrgicas asiáticas encerraram a rodada de negociações do minério de ferro para 2010 deu um ânimo adicional para os analistas do setor no Brasil, que reforçaram a recomendação de compra das ações das mineradoras. O reajuste nos preços pode chegar a 100% e, além disso, a duração dos contratos agora será trimestral. A definição altera um mercado acostumado há 40 anos com acordos anuais.

O banco britânico Barclays acredita que a transição para um novo método de precificação configura uma ótima oportunidade para investir no setor. As empresas recomendadas são a Vale, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a MMX (de Eike Batista) e a Bradespar (controladora da Vale).

C/ Imagem da Revista Época

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