quarta-feira, 31 de março de 2010

James Cameron no Brasil

O diretor de cinema canadense James Cameron está no Brasil e afirmou, no último sábado, 27, em entrevista diretamente do coração da Amazônia, que seu último filme, "Avatar", foi feito para combater o ceticismo e conscientizar as pessoas sobre a necessidade de fazer algo contra a mudança climática. "Essa é a magia dos filmes: podem mudar a percepção da realidade" disse Cameron, que participou em Manaus do Fórum Internacional sobre Sustentabilidade da Amazônia. O cineasta explicou que as pessoas tendem a negar as consequências negativas da mudança climática expostas pelos cientistas ou em documentários como "Uma verdade inconveniente" do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, que também participou ontem do Fórum.

Cameron ressaltou que os argumentos racionais dos cientistas "não servem contra a carga emocional da negação" mas que, por outro lado, a emotividade de um filme pode sim mexer com as consciências. "Não pretendo ser um cientista nem um especialista, mas talvez seja preciso um artista para falar sobre a mudança climática", afirmou o cineasta, que acrescentou que "Avatar" pretende retratar a forma como a sociedade tecnológica trata a natureza. 

O diretor explicou que da mesma forma que os "Na'vi" (moradores do planeta em que se passa "Avatar") acham que todos os seres viventes estão conectados, os ambientalistas atuais demonstraram que todos os sistemas do planeta afetam uns aos outros e que, por esse motivo, nossas ações têm repercussões globais.

APELO AO PRESIDENTE LULA

O cineasta James Cameron, estrela do Fórum Internacional de Sustentabilidade, fez um apelo ao presidente Luis Inácio Lula da Silva em relação à construção da hidrelétrica de Belomonte. "A barragem vai destruir a vida das populações ribeirinhas. Eles são povos ameaçados como os Navi, mas não tem aquelas criaturas aladas para ajudar na luta", disse.

Cameron, que fez um sobrevoo sobre a floresta nos arredores de Manaus até o complexo de Anavilhanas, disse estar maravilhado com a floresta, mas descartou qualquer possibilidade de filmar fora de estúdios. "Talvez pense numa possibilidade de usar imagens da floresta em um documentário ou filme, mas não em fazer cenas dentro da mata".

Em seu discurso no Fórum, Cameron mostrou defesa engajada à proteção do meio-ambiente e disse querer ver seu filme mais recente como um ícone de defesa às florestas. "Avatar não é uma condenação à humanidade, mas um convite à ação".

Em sua visão, as mortes no Haiti não foram nada frente ao que vai acontecer com a humanidade com as mudanças climáticas nos próximos anos. "Só com os dois graus a mais na temperatura que o IPCC apontou para este século há pelo menos 42 espécies de plantas na Amazônia que não iriam sobreviver, além de comunidades ribeirinhas que devem desaparecer com a água dos rios de volume aumentado pelo degelo", destacou. "Estamos apenas em dúvida quanto ao quando, não ao se".

Pontuando sua fala com diversos elogios à gestão do governador Eduardo Braga (PMDB), "que administra o Estado brasileiro coma a floresta mais preservada", Cameron sugeriu que o mundo precisaria de seus "clones".

Não conheço nenhum outro lugar como o Brasil, onde o governo e as indústrias tenham essa preocupação ambiental, que é ainda maior no Amazonas". Mas, para o cineasta, são os países industrializados que deveriam se mobilizar para financiar a floresta em pé.

C/ Outros - foto Estadão

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