A polícia argentina realizou nesta segunda-feira (29) uma operação para apreensão de computadores e documentos na sede da companhia aérea Aerolíneas Argentinas, em Buenos Aires, como parte de investigações sobre supostas irregularidades na compra de vinte aviões da empresa brasileira Embraer em maio do ano passado.
O caso começou a ser investigado em setembro de 2009, quando surgiram denúncias de superfaturamento de cerca de 10% na compra das aeronaves E-190, que custaram US$ 690 milhões (cerca de R$1,2 bi) ao todo. A compra dos aviões pela Aerolíneas – reestatizada em 2008 - recebeu financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A batida na sede da empresa foi autorizada pelo juiz Sérgio Torres nesta segunda-feira após novas denúncias de que teria havido pagamento de propinas para que o negócio fosse concretizado."Se houve superfaturamento, o que estamos investigando, não podemos descartar o pagamento de propinas. Por isso, determinamos a batida policial, porque queremos saber como foram as negociações antes do contrato”, afirmou à BBC Brasil uma fonte da Justiça ligada ao juiz.
Ainda segundo esta fonte, as investigações inicialmente se concentrarão nos atos do ex-secretário de Transportes do governo da presidente Cristina Kirchner, Ricardo Jaime, além de funcionários da secretaria e da companhia aérea. A convocação de representantes da empresa brasileira ainda está sendo avaliada.
“Será uma investigação longa e ela só está começando. Primeiro, ouviremos todos os envolvidos aqui para depois sabermos que medidas adotar”, disse a fonte. As denúncias sobre o suposto pagamento de propinas na transação foram feitas à Justiça por um informante anônimo e publicadas na edição desta segunda-feira do jornal La Nación.
De acordo com as denúncias citadas na reportagem, um representante do ex-secretário de Transportes Ricardo Jaime, Manuel Vázquez, seria responsável “por cobrar comissões da Embraer pela venda dos aviões a Aerolíneas e dividi-las”. Procurada pela BBC Brasil, a Embraer negou, por meio de sua assessoria de imprensa, irregularidades na condução da transação.
“A Embraer não comenta preços e condições comerciais constantes em seus contratos que estão protegidos por cláusulas de confidencialidade. A Embraer repudia veementemente especulações sobre a ocorrência de superfaturamento na condução de seus negócios”.
C/ BBC Brasil
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