terça-feira, 20 de abril de 2010

Por causa das gafes, Brasil pode perder assento no Conselho de Segurança da ONU, diz Financial Times

                      
Artigo desta terça-feira ( 20),o britânico Financial Times afirma que o jeito "carinhoso" do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional. No texto, o jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil "tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber".

Há seis anos, o Brasil participava pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.

No entanto, segundo o texto, "a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça".

"Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também", afirma o Financial Times.  O jornal cita a crítica do presidente Lula à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários de que os protestos da oposição após as eleições no Irã eram "choro de perdedores".

O jornal destaca que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc. "Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto", diz o texto.

Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer "erros" e não se acostumar "aos holofotes da opinião internacional".

"Isso custou pouco ao Brasil até agora", diz o Financial Times.

"Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis", afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha. Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o "charme de Lula".

"A imagem do império carinhoso pode não durar mais", conclui o texto. Com BBB Brasil.

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