O Brasil é o país onde o Google mais sofre censura no mundo, segundo um relatório divulgado pela própria companhia nesta terça-feira (20). O ranking não considera a China porque por lá os dados sobre censura são considerados segredo de estado e, portanto, não há informações disponíveis sobre o assunto.
Conforme o levantamento, a empresa teria recebido 291 pedidos de retirada de conteúdo de seus sites por parte do governo brasileiro somente entre o período de 1º de julho a 31 de dezembro de 2009. Em segundo lugar vem a Alemanha, com 188, e a Índia, com 142. O Brasil também lidera a lista de países no número de pedidos de informações, com 3.663, seguido dos Estados Unidos, que fez 3.580 solicitações.
O Google considera censura ações de sites que bloqueiam ou filtram informações na web, tribunais de Justiça que determinam retirada de informações e leis que forçam companhias a autocensurar o conteúdo. A companhia define ainda como "inteiramente legítimos" alguns pedidos, como os de remoção de pornografia infantil ou de divulgação de dados privados que ajudem em investigações criminais.
No caso do Brasil, 82,5% dos pedidos de remoção de conteúdo foram total ou parcialmente cumpridos. Entre os sites do Google, o que mais teve solicitação de retirada de conteúdo no Brasil foi o Orkut, com 218 pedidos. Em seguida aparecem o YouTube, Blogger, Web Search, Gmail e Google Suggest.
A empresa explica que a maior parte dos pedidos de remoção de material da internet ocorre no Orkut, tanto no Brasil quanto na Índia, em parte por conta da popularidade da rede social nesses países. A maior parte das solicitações brasileiras e indianas relacionadas ao Orkut está ligada a alegações de representação ou difamação.
Para mapear todas as informações sobre censura de governos ao redor do mundo, o Google lançou uma nova ferramenta, chamada de Google Government Requests. "Sabemos que esses números são imperfeitos e podem não mostrar uma imagem completa das determinações dos governos", diz a companhia.
Em uma nota publicada hoje no blog oficial da empresa, o vice-presidente de desenvolvimento corporativo e diretor jurídico do Google, David Drummond, explicou que os números disponibilizados hoje "levam a transparência uma etapa à frente".
O post começa lembrando o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que diz que "todos tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de ter opiniões sem interferência e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por qualquer meio, independentemente de fronteiras".
Na segunda-feira (19), o vice-presidente de Comunicações Globais e Relações Públicas do Google, Rachel Whetstone, afirmou também no blog da companhia que em 25% dos países em que atua a empresa sofre algum tipo de censura. No início do ano, depois de suas tentativas de acordo com o governo chinês falharem, o Google decidiu acabar com o software de busca que mantinha em Xangai, redirecionando os visitantes do Google.cn para a versão Google.com.hk, de Hong Kong, onde não precisaria se autocensurar. Com o Portal Exame.
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