A Associated Press (AP) divulgou nesta sexta-feira (9) uma carta, datada de 1985, supostamente assinada pelo papa Bento 16, que envolve o nome do pontífice em mais um caso de abuso sexual cometido por padres católicos contra crianças.
A AP afirmou que teve acesso à carta, assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger, posto ocupado por Bento 16 antes de ser papa. Na missiva, ele resiste à ideia de destituir das funções sacerdotais o padre americano Stephen Kiesle, acusado de abuso sexual. A agência também afirmou que o Vaticano confirmou a assinatura do cardeal na carta.
Segundo a agência, o então cardeal Ratzinger afirmou na carta que o "bem da Igreja universal" precisava ser levado em conta em um ato como a destituição das funções sacerdotais. No entanto, a agência informou que o porta-voz da Vaticano, reverendo Federico Lombardi, disse que "não é estranho que existam documentos com a assinatura do cardeal Ratzinger".
"A assessoria de imprensa não acredita que seja necessário responder a cada um dos documentos tirados de contexto, referentes a situações legais particulares", afirmou. A Igreja Católica vem sendo abalada por várias acusações de abuso vindas de diversos países europeus. As acusações são referentes a casos ocorridos há décadas na Alemanha (país natal do papa), Irlanda, Suíça, Holanda e Áustria.
O padre Stephen Kiesle foi preso em 2004 por molestar uma menina. Segundo a AP em 1978 ele foi sentenciado a três anos de liberdade condicional por conduta indecente com dois meninos em San Francisco. A AP informou ainda que a diocese de Oakland recomendou a retirada de Kiesle em 1981 mas ele não deixou de ser sacerdote até o ano de 1987.
O cardeal Ratzinger assumiu a Congregação para a Doutrina da Fé, que lida com os casos de abuso sexual, em 1981. A AP afirma que a carta, escrita em latim, mostra o cardeal Ratzinger afirmando que a destituição de Kiesle teria um "significado grave" e precisaria de uma análise cuidadosa. Ratzinger ainda recomendaria na carta "o máximo de cuidado paternal possível" para Kiesle.
Kiesle foi sentenciado a seis anos de prisão em 2004 depois de admitir ter molestado uma menina em 1995. Ele atualmente tem 63 anos e está registrado na lista de criminosos da Califórnia.
C/ BBC Brasil
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