O jornalista Mauro Santayanna, um nome que engrandece a imprensa do país, relata hoje, no JB , em poucas linhas, o seu último encontro com D'Alembert, de forma concisa e memorável:
Jaccoud: na despedida, acenou como se a viagem fosse curta
Mauro Santayana, Jornal do Brasil
RIO - Há poucos dias, visitamos D'Alembert Jaccoud. Enquanto Gioconda, sua esposa, nos deixava a sós, falamos da situação política, lembramos alguns amigos, e ele me disse que nada mais havia a fazer.
Estava com a voz serena de sempre, que carregava a dignidade com que sempre viveu, e que o levou a enfrentar, desde 1964, a brutalidade do governo militar, com uma resistência que era brava e firme. Não se intimidou com a perseguição política, o sequestro seguido de fuzilamento simulado, os insultos dos esbirros. Como jornalista, D'Alembert era rigoroso com os fatos e de militante defesa dos injustiçados.
Solidário com todos os outros perseguidos, generoso com os colegas de jornal, foi exemplar na ocasião do desaparecimento e posterior assassinato do deputado Rubens Paiva, ajudou a família na tentativa inútil de o localizar.
Quando minha mulher e eu nos despedimos, naquele princípio de noite, ele nos sorriu. Voltou a dizer-nos que estava preparado. Ao deixar o quarto, já na porta, voltamos a olhá-lo. Balançou levemente a mão, como estivesse partindo para uma Jaccoud: na despedida, acenou como se a viagem fosse curta.
Jaccoud: na despedida, acenou como se a viagem fosse curta
Mauro Santayana, Jornal do Brasil
RIO - Há poucos dias, visitamos D'Alembert Jaccoud. Enquanto Gioconda, sua esposa, nos deixava a sós, falamos da situação política, lembramos alguns amigos, e ele me disse que nada mais havia a fazer.
Estava com a voz serena de sempre, que carregava a dignidade com que sempre viveu, e que o levou a enfrentar, desde 1964, a brutalidade do governo militar, com uma resistência que era brava e firme. Não se intimidou com a perseguição política, o sequestro seguido de fuzilamento simulado, os insultos dos esbirros. Como jornalista, D'Alembert era rigoroso com os fatos e de militante defesa dos injustiçados.
Solidário com todos os outros perseguidos, generoso com os colegas de jornal, foi exemplar na ocasião do desaparecimento e posterior assassinato do deputado Rubens Paiva, ajudou a família na tentativa inútil de o localizar.
Quando minha mulher e eu nos despedimos, naquele princípio de noite, ele nos sorriu. Voltou a dizer-nos que estava preparado. Ao deixar o quarto, já na porta, voltamos a olhá-lo. Balançou levemente a mão, como estivesse partindo para uma Jaccoud: na despedida, acenou como se a viagem fosse curta.
Prezada Maura, em nome da família, agradeço o apoio e solidariedade de todos que conviveram com meu pai. Ele tinha certeza de conquistar o direito a um sono profundo e em paz, e creio que mereceu.
ResponderExcluirSaudações, DAlembert de Barros Jaccoud (filho)